O Glossário PIBID Letras tem por objetivo reunir termos relacionados aos estudos dos gêneros textuais, da multimodalidade, da leitura, da neuropsicologia e da neuroeducação. Este material apresenta as seguintes características em sua constituição:
- É um produto aberto, ou seja, sempre poderemos acrescentar, ampliar, reformatar os termos e as definições que aqui estão sendo apresentadas;
- As definições podem ser construídas, verbal ou visualmente, assim como podem ser oferecidos apenas os links que remetem para as definições desejadas;
- Os textos das definições serão transcrições de trechos de gêneros diversos, de autores diversos, de domínios discursivos diversos, contendo todas as informações de autoria.
Angela Dionisio Coordenadora do PIBID Letras UFPE
Termos
Editor: Diane Mavers // Other contributor: Martin Oliver
Referências:
KRESS, G. (2010). Multimodality: A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication. London: Routledge
OLIVER, M. (2005). The problem with affordance. The E-Learning Journal 2 (4): 402-413
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
• Interrelação entre fala e gestos (Goldin-Meadow, 2003)
• Apontar nas interações (Goodwin, 2003)
• Interação de usuários com mensagens multimodais em várias mídias: pontos de entrada e caminhos de leitura (Holsanova et al. 2006)
• Exploração da percepção visual e do processamento cognitivo dos usuários no que diz respeito às mensagens multimodais (Scheiter & van Gog, 2009)
• Princípios de redução da carga cognitiva, promovendo a integração multimodal e apoiando o aprendizado eficiente, cf. Cognitive Load Theory (Chandler & Sweller, 1991) e Multimedia Learning Theory (Mayer, 2005).
• Procedimentos para desenho de documentos multimodais (Bateman 2008)
• Teste de princípios do design, estudos sobre a eficiência das apresentações multimodais (Holsanova et al. 2009, Holsanova & Nord, 2010)
• Exame da integração texto-imagem (Hegarty & Just, 1993, Holsanova et al., 2009)
• Uso de interfaces multimodais (Oviatt, 1999)
Para estudar essas questões, uma abordagem interdisciplinar e o uso de uma combinação de métodos são essenciais (Holsanova, 2012). Rastrear movimentos oculares é uma metodologia que fornece dados pertinentes à percepção e aos processos cognitivos através de insights sobre a alocação da atenção visual (quais elementos são percebidos, por quanto tempo, em que ordem e quão cuidadosamente) (Holsanova et al. 2006). Todavia, como o protocolo do movimento ocular não nos informa sobre a compreensão dos recipientes, a triangulação dos métodos (teste de conhecimento, teste de compreensão, retrospectiva ou protocolos verbais concorrentes, entrevistas) que complementam o rastreamento ocular é importante.
Editor: Sara Price // Other contributor: Jana Holsanova
Referências:
HOLSANOVA, J. (2008). Discourse, vision, and cognition. Amsterdam/Philadelphia: Benjamins
PRICE, S. & PONTUAL FALCAO, T. (2011). Where the attention is: Discovery learning in novel tangible environments. Interacting with Computers, 23, (5) p. 499-512
SCHEITER, K. & VAN GOG, T. (2009). Using Eye Tracking in Applied Research to Study and Stimulate the Processing of Information from Multi-representational Sources. Appl. Cognit. Psychol. 23: 1209–1214
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“Cada novo texto vale-se da história de enunciados dos quais o gênero emerge e se sustenta, de modo que os textos podem ser identificados e entendidos dentro de uma tradição de enunciados daquele tipo ou gênero. Além do mais, situações, papéis, atividades ou sistemas sociais específicos podem ser associados a um número finito de gêneros de texto ou enunciados que se posicionam em relação a cada um que define o trabalho e os papéis dos participantes, e são recursos e pontos de referência dentro da situação interacional. Devitt (1991), ao examinar a escrita dos contadores de impostos, descobriu que um total de treze gêneros de cartas e memorandos constituiu o trabalho regular desses contadores. A autora chamou esses gêneros de um conjunto de gêneros e notou especialmente as ligações intertextuais entre esses gêneros, as maneiras como formaram sequências. A pesquisadora sugeriu que esse conjunto de gêneros, junto com os gêneros orais e os próprios formulários de imposto de renda, formam o sistema ou conjunto maior de gêneros dos contadores de impostos. Por extensão, podemos ver que qualquer posição ou profissão poderia ser caracterizada por um conjunto de gêneros distintivo, produzido e recebido no curso rotineiro de trabalho. Além disso, Devitt descobriu que cada cliente ou caso com que os contadores trabalharam podia ser associado a um arquivo que o especifique. Esses arquivos definem a informação relevante, os eventos em curso, as contingências e os resultados que teriam efeito sobre todas as ações futuras nesse caso. Cada novo documento no arquivo é intertextualmente ligado aos documentos arquivados anteriormente. O conceito de um arquivo caracterizando um caso tem sido notado por várias pessoas que trabalham com o discurso institucional e o discurso de grandes corporações (Yates, 1989; Garfinkel, 1967; Berkenkotter & Ravatos, 1997); e a produção do arquivo tem sido vista como tendo consequências importantes para o tratamento do cliente, dos eventos ou dos projetos. Finalmente, Devitt verificou que todos os gêneros dos contadores de impostos são explícita ou implicitamente relacionados intertextualmente às leis sobre impostos, aos regulamentos e às deliberações precedentes, como também têm um modo peculiarmente diverso de referir, explícita ou implicitamente, os documentos de imposto. Esses muitos achados indicam que o trabalho é organizado e levado adiante através de uma estrutura de gêneros relacionados que são tidos como responsáveis uns pelos os outros de modo específico a cada gênero (Bazerman, 1988, 1997).”
Fonte:
BAZERMAN, C. (2007). Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007, pp. 172-173.
Referências
FINNEGAN, R (2002). Communicating: The Multiple Modes of Human Interconnection. London: Routledge.
KENDON, A (2004). Gesture: Visible Action as Utterance. Cambridge: Cambridge University Press.
BISHOP, J & Burn, A (2013). Reasons for Rhythm: Multimodal Perspectives on Musical Play. In Willett et al, Children, Media And Playground Cultures: Ethnographic studies of school playtimes. Basingstoke: Palgrave MacMillan.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
Editor:
Diane Mavers // Other contributor: Lesley Lancaster
Referências:
KRESS, G. (1997). Before Writing: Rethinking the Paths to Literacy, London: Routledge.
LANCASTER, L. (2013). The Multimodality of Mark-Making in Early Childhood, New York: Routledge.
MAVERS, D. (2011). Children’s Drawing and Writing: The Remarkable in the Unremarkable, New York: Routledge.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 24/09/2012.
Tradução: Larissa Cavalcanti
A dimensão verbo-visual da linguagem participa ativamente da vida em sociedade e, consequentemente, da constituição de sujeitos e identidades. Em determinados textos ou conjunto de textos, artísticos ou não, a articulação entre os elementos verbais e visuais forma um todo indissolúvel, cuja unidade exige do leitor, e notadamente do analista, a percepção e o reconhecimento dessa particularidade. São textos em que a verbo-visualidade se apresenta como constitutiva, impossibilitando o tratamento excludente do verbal ou do visual e, especialmente, das formas de articulação assumidas por essas dimensões para produzir sentido, efeitos de sentido, construir imagens de enunciadores e enunciatários, circunscrever destinatários etc. Assim sendo, a linguagem verbo-visual será aqui considerada uma enunciação, um enunciado concreto articulado por um projeto discursivo do qual participam, com a mesma força e importância, a linguagem verbal e a visual. Essa unidade significativa, essa enunciação, esse enunciado concreto, por sua vez, estará constituído a partir de determinada esfera ideológica, a qual possibilita e dinamiza sua existência, interferindo diretamente em suas formas de produção, circulação e recepção. Esse é o caso, por exemplo, de uma foto que pertencendo à esfera do jornalismo impresso, vem, necessariamente, acompanhada de uma legenda, a qual atua na produção de sentidos, sinalizando caminhos para a compreensão do conjunto. Foto e legenda formam um todo indissociável: o lugar ocupado na página, a forma de composição que as associa e a relação de proximidade -¬geralmente a legenda vem sob a foto, ocupando toda a sua largura – as torna um enunciado, uma totalidade textual. O projeto discursivo verbo-visual característico da esfera jornalística permite observar, por exemplo, que uma mesma foto deslocada dessa esfera e apresentada numa exposição ou em um livro de arte – esfera de circulação diferente da jornalística – torna-se outro enunciado concreto, outra enunciação, transferida da condição de documento, de testemunho do real, para a condição mais ampla de objeto de arte. Essas duas formas de fazer circular uma foto diferem do enunciado construído por um retrato em um passaporte, por exemplo, o qual circula numa esfera institucional, administrativa, oficial. Aí, foto/nome/digitais/número instituem o verbo-visual como prova de identidade. Ainda com relação com à esfera jornalística, compõem o projeto discursivo verbo-visual desenhos, ilustrações, gráficos e infográficos sempre articulados a textos verbais com os quais estão constitutivamente sintonizados a partir da disposição das matérias numa dada página, da organização das páginas em cadernos, do forte diálogo mantido entre os cadernos e as formas diferenciadas de organizar verbal e visualmente os assuntos. Um mesmo assunto poderá fazer parte de diferentes cadernos e, como consequência, produzir diferentes sentidos e efeitos de sentidos.. E o leitor do jornal, incluído no projeto jornalístico, alfabetizado, por assim dizer, nessa maneira de organizar a linguagem, participa ativamente da produção dos sentidos. Considerando essas e outras esferas, fazem parte das produções de caráter verbo-visual charges, propagandas, capas e páginas de veículos informativos, as formas de apresentação dos jornais televisivos (apresentadores, textos orais, vídeos), poemas articulados a desenhos, comunicação pela internet, textos ficcionais ilustrados, livros didáticos,outdoors, placas de trânsito etc.
Referências:
Brait, Beth. Literatura e outras linguagens. São Paulo, Contexto, 2010. pp.193-195.
Discurso é um termo controverso com raízes em diferentes disciplinas e usado em uma variedade de formas. Em sentido estrito, discurso pode ser compreendido como língua em uso – todas as maneiras de falar – ao qual James Gee em seu Social linguistics and literacies: Ideologies in discourse (1990) se refere como discurso com ‘d’ minúsculo. Em sentido amplo, o termo pode ser usado para se referir a um sistema de uso da língua e outras práticas de geração de sentido (tais como comportamento, vestuário, e hábitos e práticas costumeiras) que formam modos de falar sobre a realidade social à qual Gee se refere como discurso com ‘D’ maiúsculo. Por exemplo, o Discurso da regulação do tráfico, o Discurso comercial, o Discurso médico ou o Discurso legal. Na sociolinguística, discursos tendem a ser usados para se referir a trechos extensos de fala ou escrita e para chamar atenção aos usos e organização da língua em seu contexto social. Na sociologia e na filosofia, os escritos de Foucault têm sido particularmente importantes; trazendo à tona não somente as origens sociais, mas, também, os efeitos sociais do poder que os discursos possuem sobre as práticas sociais. A Análise Crítica do Discurso (ACD) é geralmente associada com o trabalho de Chouliaraki e Fairclough, o qual fornece um método para analisar textos em complemento às teorias e conceitos de Foucault, bem como oferece exemplos para o estudo do discurso da mídia, discurso político e discurso interacional. Discurso é um termo importante para a multimodalidade e muitos que trabalham nesse campo se preocupam em compreender o uso e os efeitos do Discurso através dos usos de ‘modos’ e sua organização em conjuntos de modos. A premissa é que todos os textos multimodais, artefatos e eventos comunicativos são sempre formados discursivamente; e que todos os modos, em diferentes formas, oferecem meios para a expressão de discursos. Sob esta perspectiva, discursos diferentes podem ser trabalhados modalmente e, portanto, a escolha de modos pode em si mesma ser usada analiticamente para indicar a presença de diferentes discursos em textos específicos. Conforme as mídias sejam formas multimedia que ocupam espaços multimodais não é surpreendente, talvez, que ACD tenha fortes ligações com multimodalidade, notadamente o trabalho de Chouliaraki. Em sua coleção editada: Self-Mediation: New Media, Citizenship and Civil Selves (2012), a autora estuda a multimodalidade desses novos discursos midiáticos, tais como a convergência entre sites de jornalismo e redes sociais, para explorar como esses discursos mesclam as fronteiras entre público e privado, as formas como entendemos e realizamos práticas de cidadania.
Editor: Carey Jewitt // Other contributor: Lilie Chouliaraki
Referências:
CHOULIARAKI, L. and FAIRCLOUGH, N. (1999). Discourse in Late Modernity: Rethinking Critical Discourse Analysis. Edinburgh: Edinburgh University Press
CHOULIARAKI, L. (ed) (2012). Self-Mediation: New Media, Citizenship and Civil Selves. London: Routledge
GEE, J. (1990). Social linguistics and literacies: Ideology in discourses. London: Falmer Press
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
Na semiótica multimodal o termo ‘espaço’ pode se referir ao espaço bi ou tridimensional. O espaço tridimensional compreende ambos: o espaço natural e o construído – interno e externo – bem como o espaço virtual. A multimodalidade fornece um modo de descrever/basear uma realização de conceitos teóricos de espaço, lugar e tempo. Uma abordagem multimodal se concentra na relação entre pessoas e o espaço no qual estão localizadas e na experiência pessoal de espaço: o que fazem e com quem fazem, o que sentem e como fazem sentido do mundo físico e virtual e espaço entre eles. A multimodalidade se concentra nas dimensões sociais de espaço – com atenção para as dimensões físicas de espaço e como signo do social. Dessa maneira, o espaço transcende o estrutural e o geométrico e é entendido como um produto de materialização social tanto quanto o lugar. Os modos a partir dos quais as pessoas se apegam a ambientes, evocam emoções e sentimentos, são de interesse para a multimodalidade. A multimodalidade se preocupa com a maneira como as pessoas rearranjam e modificam espaços – físicos e digitais – e seus elementos. Ela entende espaço como fluido e dinâmico (vivido) e lugar como uma instância vivida do ambiente, uma experiência corporificada do espaço. De uma perspectiva multimodal, ambos o espaço físico e virtual e o lugar, como falar, escrita, se desdobram no tempo e espaço e a multimodalidade dispõe de ferramentas para descrever os recursos do espaço como estático, fixo e entidade construída, um recorte ou espaço em um momento particular, bem como a dinâmica da organização do espaço – ou seja, os modos pelos quais espaços – físicos e virtuais e aqueles entre espaços, desdobram dinamicamente no tempo – como pessoas se movem através deles e os vivenciam, criam caminhos etc. Até então, muito da pesquisa multimodal sobre espaço tem se concentrado na: dimensão espacial de textos impressos e digitais, dimensão espacial da interação corpórea copresencial e o ambiente construído e as experiências destes. Scollon e Scollon em seu Discourse in Place (2003) criaram o termo “semiótica local” para explorar os meios a partir dos quais os significados da língua são ativados por suas localizações no mundo. A obra chama atenção para os modos no qual interação, língua e espaço se mesclam para gerar significado. A obra de Ravelli sobre espaço se concentra em museus e usa o molde de comunicação de significados organizacionais, interacionais e representacionais para analisar: i) a linguagem e o design dos textos em museus (rótulos e painéis); ii) a exibição enquanto texto; iii) o museu enquanto texto institucional. Ela também explora intersemiose, isto é, como a linguagem coarticula com outros modos semióticos para gerar significado. O trabalho de Stenglin sobre espaço inclui espaços construídos tridimensionalmente (museus, espaços domésticos, restaurantes, lojas) bem como o ambiente natural. Observam-se como espaços internos e externos são organizados usando uma sequencia de trabalho metafuncionalmente diversificada com grande ênfase nos significados interpessoais. Exploram-se dois recursos interpessoais: ligação e conexão. A ligação explora como os espaços podem ser desenhados para evocar diferentes sentimentos, enquanto a conexão se preocupa com afiliação, e compreensão de como conexões sociais de solidariedade podem (des)conectar ocupantes.
Editor: Carey Jewitt // Other contributor: Maree Stenglin
Referências:
RAVELLI, L. (2006). Museum Texts: Communication Frameworks. London/New York: Routledge.
SCOLLON, R. & WONG-SCOLLON, S. B. K. (2003). Discourses in place: Language in the material world. London/New York: Routledge Taylor & Francis Group
STENGLIN, M. K. (2004). Packaging curiosities: Towards a Grammar of 3D Space. Sydney University: Unpublished thesis.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
O termo gênero tem sua origem nos estudos literários e se estendeu para descrever os padrões regulares de escolhas semióticas em objetos comunicativos multimodais e eventos que são particulares a comunidades e culturas específicas. John Bateman tem liderado pesquisas nessa área, particularmente, seu livro Multimodality and Genre (2008), com interesse na extensão de gênero ao uso técnico e formalmente especificado dentro da linguística funcional, no intuito de propiciar um mecanismo teórico que é ao mesmo tempo previdente e explanatório para apoiar a interpretação de gênero como uma atividade socialmente significante. Ele agora descreve o gênero multimodal como “um conjunto de soluções estabilizadas temporalmente, convencionalizadas e estruturadas, adotadas para uma atividade comunicativa distinta e, socialmente reconhecida para aquele gênero, em meio a uma comunidade de usuários”. Gêneros estão intimamente ligados aos modos disponibilizados por uma mídia, pelo contexto social e pelo propósito comunicativo. Gêneros multimodais são, de acordo com Bateman, “constituídos pela coleção de estratégias retóricas, arranjando os modos semióticos fornecidos pela mídia através da qual a comunicação ocorre. Essas estratégias podem variar em forma de ocorrência, com o tempo, e (co)operar (i) para atingir os objetivos sócio-comunicativos e (ii) para apoiar o reconhecimento do gênero (isto é, expressões supercodificadas que indicam que o gênero está sendo realizado)”. O que significa usar o gênero como meio de se compreender a ligação entre o contexto social e o sistema de significados.
Bateman analisa textos em páginas e multimodais fílmicos que combinam modos em layouts que são cada vez mais sofisticados. A interpretação e uso eficaz desses textos apresentam sérios desafios para o desenho e interpretação de documentos. O trabalho de Bateman também é significante no sentido de documentar como os gêneros mudam com o tempo e por que isso forma uma parte essencial da produção e análise de um documento. John Knox é outro acadêmico de grandes contribuições para entender gêneros multimodais em termos de teoria e pesquisa empírica sobre as mudanças de gêneros de jornais online. Seu trabalho traça uma gramática visual específica para gêneros, para páginas de jornal online, em resposta a demandas de um novo meio e tendências históricas e sociais no relato de notícias (Knox, 2007).
Editor: Carey Jewitt // Other contributor: John Bateman
Referências
BATEMAN, J. (2008). Multimodality and Genre. Palgrave Macmillan
KNOX, J. (2007). Visual-verbal communication on online newspaper home pages. Visual Communication, 6: 19
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
Fonte:
MILLER, C. (2012). Gênero textual, agência e tecnologia. São Paulo: Parábola, 2012, pp. 47-48.
“é uma reprodução de algo que sustenta traços de semelhança. É um termo usado para se referir a coisas diversas: fotografias, desenhos, pinturas impressionistas, filmes, representações tridimensionais e, além destas, imagens em um espelho, sonhos, memórias, até mesmo imagens mentais produzidas a partir de descrições verbais. Multimodalidade atende a imagens que são entidades materiais, tais como fotografias, monumentos, filmes e afins. A multimodalidade questiona como a imagem foi feita, o que ela representa, quais as ideias e atitudes comunicadas e como tais foram atingidas, bem como investiga como as relações sociais são construídas (por exemplo, como o “observador” é encorajado a se identificar com a imagem) e, acima de tudo, qual a função da imagem, informar, explicar, persuadir, avisar, entreter, etc. Um número de ‘ferramentas’ analíticas foram desenvolvidas de modo a permitir tal análise. Por exemplo, Kress e van Leeuwen (1996) desenvolveram a ideia de modalidade visual no intuito de avaliar o valor de verdade de uma imagem. Em uma propaganda, aspectos da aparência de uma pessoa podem ser exagerados ou diminuídos através da saturação da cor, criando uma representação ligeiramente idealizada desse indivíduo. A imagem também pode construir posições sociais do “observador” através da “oferta ou demanda” (ibid), a qual é criada pela proximidade (distante ou primeiro plano), orientação (frontal ou lateral) e olhar (direto ou desviado) das pessoas representadas. Essas características fornecem pistas quanto a como o “observador” é encorajado a avaliar a pessoa representada na imagem, e, assim, a função exercida pela imagem. Uma abordagem multimodal também questiona como uma imagem se associa a outros modos, tais como a escrita ao lado de uma fotografia no jornal (Knox, 2007) ou o som em um filme ou animação (van Leeuwen, 2005; Burn, 2003), bem como as ações e interações (tais como, ação, olhar, fala, gesto) intrínsecas ao seu processo de produção.”
Editor: Diane Mavers // Other contributor: David Machin
Referências:
BURN, A. & PARKER, D. (2003). Analysing Media Texts. London: Continuum
KRESS, G. and van LEEUWEN, T. (1996, 2006). Reading Images: The Grammar of Visual Design. London: Routledge.
MACHIN, D. & Polzer, L. (in preparation). Visual Journalism. London: Palgrave.
van LEEUWEN, T. and JEWITT, C. (2001). Handbook of Visual Analysis. London: Sage.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 24/09/2012.
Tradução: Larissa Cavalcanti
A língua é tipicamente usada para se referir à fala ou à escrita ou a ambas. Na multimodalidade, fala e escrita são tratadas como modos distintos, uma vez que se referem a diferentes recursos semióticos. Por exemplo, entre outros recursos, a fala possui intensidade (volume), altura e variação na altura (entonação), enquanto a escrita é marcada por pontuação, fontes e desenho. Nas perspectivas sociolinguísticas contemporâneas, “usuários da língua” são vistos como pessoas que se utilizam e transformam esses recursos de acordo com seus interesses; em vez de passivamente ‘usar’ uma dada variedade pré-definida de fala ou escrita (digamos, ‘posh English’), eles ativamente a ‘fazem’. Para salientar essa agência humana na produção de sentidos, alguns linguistas falam de “linguar” (Jorgensen, 2011), o que reflete a noção semiótica de “criação do signo” (Kress, 2010). Como qualquer modo, a fala e a escrita variam com o tempo e espaço; são formadas social e culturalmente. O reconhecimento de diferentes formas de usar a fala e a escrita também varia significantemente; algumas ‘línguas’ são nomeadas, descritas, institucionalizadas e oficializadas, outras não.A multimodalidade evita encarar a fala e a escrita em isolamento. A escrita e a fala não são vistas como modos ‘dominantes’ em todas as comunicações, ou como modos que têm mais potencial para produzir sentidos que outros modos, ou como formas “não marcadas” de comunicação (como sugerido pelas dicotomias, tais como ‘verbal’ e ‘não-verbal’). De fato, as funções a que a fala e a escrita servem numa dada ocasião são investigadas e entendidas sob a perspectiva das affordances e do reconhecimento de todos os modos disponíveis para aquela ocasião. Por exemplo, a fala das pessoas é descrita em conjunção com uso dos gestos, vestimenta, estilo de cabelo e assim por diante. O termo ‘línguagem’ é frequentemente usado para se referir a modos além da escrita e da fala, por exemplo, à ‘linguagem corporal’. Na multimodalidade, o uso do termo ‘linguagem’ é evitado, baseado no fato de que os modos implicados por esses prefixos, isto é, o olhar e o gesto, têm recursos próprios que são diferentes da fala e da escrita.
Editor: Jeff Bezemer // Other contributors: Jan Blommaert
Referências:
JøRGENSEN, J. N., KARREBæK, M. S., MADSEN, L. M. and MøLLER, J. S. (2011). Polylanguaging in Superdiversity. Diversities, Vol. 13, No. 2
Kress, G. (2010). Multimodality. London: Routledge
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“importante corrente funcionalista é a teoria do linguista inglês Michael A. K. Halliday (…). Esse modelo espelha-se numa teoria da língua enquanto escolha. É um modo de olhar a língua como ela é usada. No campo dos estudos linguístico-funcionais, como já mencionado anteriormente, a LSF é uma oposição aos estudos formais de cunho mentalista, pois seu foco de interesse é o uso da língua como forma de interação entre os falantes. […] A grande preocupação da LSF é compreender e descrever a linguagem em funcionamento como um sistema de comunicação humana e não como um conjunto de regras gerais, desvinculadas de seu contexto de uso. Para esta corrente teórica, a língua se organiza em torno de duas possibilidades alternativas: a cadeia (o sintagma) e a escolha (o paradigma); uma gramática sistêmica é, sobretudo, paradigmática, isto é, considera as unidades sintagmáticas apenas como realizações linguísticas e as relações paradigmáticas como o nível profundo e abstrato da linguagem. Vale ressaltar que o termo sistêmica refere-se às redes de sistemas da linguagem (o sistema de transitividade a ser visto posteriormente, por exemplo). Já o termo funcional refere-se às funções da linguagem, que usamos para produzir significados e das quais trataremos mais adiante. Levar em conta o nível sistêmico implica a consideração de escolhas entre os termos do paradigma com a ideia de que cada escolha produz significados, embora essas seleções nem sempre sejam conscientes. […] Tendo como objetivo estudar a língua em uso, a LSF analisa sempre produtos autênticos da interação social, aos quais ela chama de texto. Segundo Butt et al (2000, p. 3) “um texto ocorre em dois contextos, um dentro do outro: o contexto de cultura e o contexto de situação”. O contexto de cultura é a soma de todos os significados possíveis de fazerem sentido em uma cultura particular. No contexto de cultura, falantes e ouvintes usam a linguagem em contextos específicos, imediatos, conhecidos na LSF como contextos de situação. A combinação dos dois tipos de contexto resulta em semelhanças e diferenças entre um texto e outro, entre um gênero e outro: uma interação em que se realiza uma compra de cereais não é a mesma em uma cidade do interior e em uma capital, por exemplo; uma interação mediada pelo gênero palestra é diferente daquela em que acontece o gênero sermão. No contexto de situação, estão as características extralinguísticas dos textos, que dão substância às palavras e aos padrões gramaticais que falantes e escritores usam, consciente ou inconscientemente, para construir os diferentes gêneros, e que os ouvintes e leitores usam para identificar e classificar esses gêneros. Essas diferenças entre os gêneros podem ser atribuídas a três aspectos constitutivos do contexto de situação que a LSF denomina de campo, relação e modo. Campo diz respeito à natureza da prática social; corresponde ao que é dito ou escrito sobre algo, ou seja, é a atividade que está acontecendo. Relação diz respeito à natureza da ligação entre os participantes da situação, que pode ser formal ou informal, mais afetiva ou menos afetiva. Modo refere-se ao meio, ou canal, de transmissão da mensagem e também diz respeito ao papel da linguagem na interação (cf. MOTA-ROTH; HEBERLE, 2005). Para ilustrar o contexto de situação, apresentamos os aspectos campo, relação e modo de um editorial: (i) campo – defesa de um ponto de vista representando uma opinião institucional ao público leitor; (ii) relação – escritor e leitor: o escritor é alguém imbuído de autoridade para opinar, o leitor é o público em geral, a distância social é máxima; (iii) modo – canal: gráfico, meio: escrito; a linguagem tem papel constitutivo. Esses parâmetros do contexto de situação afetam nossas escolhas linguísticas porque refletem as três funções que constituem os propósitos principais da linguagem (cf. HALLIDAY, 1985). São as chamadas metafunções da linguagem: ideacional, interpessoal e textual, que efetivam um dos princípios mais importantes da teoria sistêmico-funcional. De acordo com esse princípio, a organização das línguas naturais possibilita a realização dessas três funções, ou três tipos de significado, presentes em qualquer uso da linguagem. Na LSF, todo texto é multidimensional, realizando mais de um significado simultaneamente, conforme as metafunções que organizam funcionalmente a linguagem, as quais, segundo Halliday e Matthiessen (2004) podem ser explicadas como segue: a metafunção ideacional representa/constrói os significados de nossa experiência, tanto do mundo exterior (social) quanto no mundo interior (psicológico), por meio do sistema de transitividade, a ser abordado posteriormente. No exemplo “Diogo é paulistano, tem 40 anos e mora em Veneza (…) Ele mudou-se para a Itália em 1987 e foi lá que escreveu seus quatro romances (…) Seu estilo afiado data dos tempos de estudante…” (Veja, jun. 2003), podemos perceber essa metafunção ao observarmos que os verbos e termos a eles associados (processos e participantes, para a LSF) se combinam para formar o perfil de alguém, para a construção específica de uma imagem, a qual é desejada pelo autor. A metafunção interpessoal representa a interação e os papéis assumidos pelos participantes mediante o sistema de modo (indicativo, imperativo, estruturas interrogativas) e modalidade (auxiliares modais, elementos modalizadores). No exemplo: “Não queremos muito, não. Queremos ser amadas” (Uma, jun. 2003), percebemos a função interpessoal através da presença da primeira pessoa do plural, modo indicativo, que une editora da revista e leitora em um só desejo. E no exemplo “Afinal, existe coisa mais fantástica do que segurar na mão do gato, olhar nos olhos dele e dizer eu te amo?” (Todateen, ago. 2003) a forma interrogativa dialoga, direta e explicitamente, com a leitora. A metafunção textual está ligada ao fluxo de informação e organiza a textualização por meio do sistema temático. O exemplo: “Tudo o que você precisa saber para deixar os gatinhos loucos por seus lábios e pedindo bis. Por falar em gatos, a revista está cheia deles” (Todateen, mai. 2003), ilustra a função textual através do uso de mecanismos de coesão textual, como a retomada do termo “gatinhos” pelo SN “gatos”; o qual, por sua vez, reaparece pronominalmente na oração que encerra o trecho. Apresentamos exemplos ilustrando separadamente cada metafunção, mas é preciso enfatizar que essas funções ocorrem simultaneamente e que, na LSF, cada elemento de uma língua é explicado por referência a sua função no sistema lingüístico total. Uma gramática funcional é, assim, aquela que constrói todas as unidades de uma língua como configurações de funções e tem cada parte interpretada como funcional em relação ao todo. Na LSF, uma língua é interpretada como um sistema semântico, que compreende todo o sistema de significados.”
Fonte:
CUNHA, M. A. F & SOUZA, M. M. Transitividade e seus contextos de uso. São Paulo,Cortez, 2011, pp. 23-28.
Na teorização multimodal, materialidade se refere ao fato de que modos são tomados como produtos do trabalho de agentes sociais, transformando ‘coisas’ materiais e físicas em coisas com significados, isto é, recursos semióticos/culturais. Essa materialidade tem importantes potencialidades semióticas em si: o som tem diferentes affordances semióticas para inscrição “gráfica”; gestos oferecem diferentes potenciais para cor e afins. Uma premissa subjacente para (a maioria) das abordagens multimodais é que todos os modos disponíveis em uma cultura são usados para gerar significado; e esses modos são selecionados em conjuntos delineados para gerar significado que melhor se ajustem a necessidades específicas. Todos os modos, tanto em função de sua materialidade e do trabalho que as sociedades realizam com aquele material – com o som se tornando fala, ou música; com movimentos de mãos e falas feitos contra o torso superior se tornando gestos – oferecem potenciais específicos para gerar significado e trazem consigo limitações. Essas affordances significam que todos os modos são parciais na geração de sentidos, de modo que uma dada seleção de affordances dos modos pode ser parcialmente superada. Ao mesmo tempo, a materialidade dos modos conectados com o corpo e seus sentidos. E ainda que a sensorialidade não seja um ponto forte da maioria das pesquisas multimodais, o corpo e seus sentidos definitivamente afastam a multimodalidade das abstrações das teorias linguísticas do século XX e permitem consideração das respostas corpóreas e da fisicalidade no domínio do significado. Na pesquisa educacional, a noção de affordances diferenciais dos modos tem aberto o campo do aprendizado e da avaliação; do que é conhecimento; como ambientes de aprendizado deveriam ser organizados; etc. Tal torna possível tentar reconhecer o aprendizado através de meios outros que não a escrita ou a fala. Nas teorias de mídia, em consideração às mídias digitais e o uso que faz de uma multiplicidade de modos, nas teorias de interface, no design, etc. o afastamento de uma dominação pressuposta da escrita leva à possibilidade de novas compreensões.
Editor: Sara Price // Other contributors: Anders Björkvall and Gunther Kress
Referências:
BJÖRKVALL, A. and KARLSSON, A.( 2011). The materiality of discourses and the semiotics of materials: A social perspective on the meaning potentials of written texts and furniture. Semiotica, 187:1, 4, 141–165
KRESS, G. and VAN LEEUWEN, T. (2001). Multimodal discourse: The modes and media of contemporary communication. London: Arnold
VAN LEEUWEN, T. (2011). The language of colour: An introduction. London & New York: Routledge
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“esse termo se refere a um conjunto de recursos socialmente e culturalmente moldados para construção de sentidos. O modo classifica um “canal” de representações ou comunicações para os quais não havia nomenclatura totalmente satisfatória (Kress e van Leeuwen, 2001). Exemplos de modos incluem a escrita e a imagem na página, estendendo-se à imagem em movimento e som na tela, e fala, gestos, olhares e posturas intrínsecos à interação. Isso não significa dizer que outros modos de comunicação não fossem reconhecidos e estudados anteriormente; por exemplo, ampla pesquisa e teorização já foram realizadas sobre gestos (à exemplo de McNeill, 1992). Entender uma variedade de meios de comunicação como dignos de investigação constitui um desafio à predominância anterior da “linguagem” escrita e falada nos trabalhos acadêmicos, e abre a possibilidade de reconhecimento, análise e teorização da variedade de formas nas quais os indivíduos produzem sentidos, e como esses sentidos são multimodalmente inter-relacionados. Os modos não são autônomos e fixos, mas, criados através de processos sociais, são fluidos e sujeitos a mudanças. Por exemplo, as palavras “wicked” e “cool” recentemente ganharam nova conotação. De outro modo, os modos não são universais, mas são pertinentes a uma comunidade onde há um entendimento compartilhado de suas características semióticas. Fazer marcas na areia enquanto contavam estórias foi um modo para as mulheres Walbiri da Austrália central (Munn, 1973) que não está disponível para outras comunidades. O que significa que um modo está sujeito a mudanças e discussões. Por exemplo, alguns escritores entendem cor e layout como modos, e, por isso, a escrita é multimodal; em contrapartida, outros não fazem tais distinções. Uma resposta para tal é que as definições de modo são dependentes do que se entende por regularidades bem reconhecidas dentro de qualquer comunidade. Designers gráficos provavelmente têm uma compreensão da gama de potencialidades de tipologias (fonte, layout). Por outro lado, tal pode não ser qualificado como modo por outros, os quais podem não ter acesso ou conhecimento desses recursos e suas “affordances”. Outro “teste” para a validade de um conjunto de recursos de um modo é a presença de três das metafunções de Halliday (Halliday, 1978); se a ideacional (natureza do sujeito), a interpessoal (construir relações sociais) ou a ‘textual’ (criar coerência) são realizadas. As definições de modo continuam a ser refinadas e desenvolvidas”.
Editor: Diane Mavers // Other contributor: Will Gibson
Referências:
JEWITT, C. (2009). The Routledge Handbook of Multimodal Analysis. London: Routledge.
KRESS, G. (2010) Multimodality: A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication. London: Routledge.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 24/09/2012.
Tradução: Larissa Cavalcanti
Multimodalidade é uma abordagem interdisciplinar que entende a comunicação e a representação como envolvendo mais que a língua. Os estudos nesse campo têm se desenvolvido nas últimas décadas de modo a tratar sistematicamente de questões muito discutidas sobre as mudanças na sociedade, por exemplo, em relação às novas mídias e tecnologias. Abordagens multimodais têm proposto conceitos, métodos e perspectivas de trabalho para a coleção e análise de aspectos visuais, auditivos, corporificados e espaciais da interação e dos ambientes, bem como da relação entre os mesmos.
Três pressupostos teóricos interconectados estão subjacentes à multimodalidade.
Primeiro, a multimodalidade pressupõe que a representação e a comunicação sempre se baseiam em uma multiplicidade de modos, todos contribuindo para o significado. Ela se concentra na análise e descrição do repertório completo de recursos geradores de sentido usados pelas pessoas (recursos visuais, falados, gestuais, escritos, tridimensionais, entre outros, dependendo do domínio da representação) em diferentes contextos, e no desenvolvimento de meios que mostram como esses são organizados para gerar sentido.
Em segundo lugar, a multimodalidade pressupõe que os recursos são socialmente modelados através do tempo para se tornarem geradores de sentido, os quais articulam os significados (sociais, individuais/afetivos) exigidos pelos requerimentos de diversas comunidades. Esses grupos organizados de recursos semióticos para geração de sentido são chamados de modos, os quais realizam tarefas comunicativas de modos diferentes – o que torna a escolha de modo um aspecto central da interação e do significado. À medida que grupos de recursos são usados na vida social de uma dada comunidade, mais completa e finamente articulados eles se tornarão. Para que algo “seja um modo” há necessidade de um senso cultural compartilhado em uma comunidade de recursos e como esses podem ser organizados para realizar significados.
Finalmente, a multimodalidade pressupõe pessoas orquestrando o sentido através de uma seleção e configuração particular de modos, enfatizando a importância da interação entre modos. Portanto, todo ato comunicativo é modelado pelas normas e regras operando no momento de produção do signo, influenciado pelas motivações e interesses das pessoas em contextos sociais específicos.
A pesquisa multimodal até o presente pode ser classificada de acordo com quatro principais pontos de concentração:
1. A descrição sistemática de modos e seus recursos semióticos.
2. A investigação multimodal da interpretação e interação com ambientes digitais específicos.
3. A identificação e desenvolvimento de novos recursos semióticos digitais e novos usos de recursos já existentes nos ambientes digitais; e
4. A contribuição para pesquisa de métodos para a coleta e análise de dados digitias e ambientes dentro da pesquisa social.
Há um debate considerável quanto à multimodalidade ser considerada uma teoria, de fato, ou se é mais apropriado vê-la como um método. Comparada à etnografia, é possível defender que a multimodalidade pode atuar como uma teoria, perspectiva ou método, e que esses diferentes graus de comprometimento com a multimodalidade ajudam a fazer sentido daquilo que pode ser visto como multimodal.
Editor: Carey Jewitt
Key References:
Jewitt, C. (ed.) (2009) The Routledge Handbook of Multimodal Analysis. London: Routledge.
Norris, S. (2004) Analyzing Multimodal Interaction. London, RoutledgeFalmer.
O’Halloran, K. L. & Smith, B. A. (eds.) (2011) Multimodal Studies: Exploring Issues and Domains. New York & London: Routledge.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“é um termo utilizado na semiótica social e em outras disciplinas para se referir a um meio de construção de significados. Um recurso semiótico é sempre concomitantemente um recurso material, social e cultural. Van Leeuwen define o termo da seguinte forma: “recursos semióticos são ações, materiais e artefatos que usamos para propósitos comunicativos, quer sejam produzidos fisiologicamente – por exemplo, com nosso aparato vocal, os músculos usados em nossas expressões faciais e gestos – ou tecnologicamente – por exemplo, com caneta e papel ou hardwares e softwares computacionais – bem como as formas nas quais esses recursos são organizados. Recursos semióticos possuem um potencial de significados, baseado em seus usos passados e determinam concessões baseadas em seus possíveis usos, os quais serão atualizados em contextos sociais concretos em que seu uso está sujeito a alguma forma de regime semiótico” (van Leeuwen, 2004:285). Essa definição enfatiza o desenvolvimento histórico das conexões entre forma e significado, e, dessa forma, está alinhada à noção bakhtiniana de intertextualidade. Essas conexões podem ser identificadas em todos os níveis da organização social e cultural (então, por exemplo, “gêneros textuais” são recursos semióticos e, por isso, são “modos” e “media”). Kress (2010) salienta que esses recursos são constantemente transformados. Essa instância teórica apresenta os sujeitos como produtores de sinais que moldam e combinam recursos semióticos para refletir seus interesses. Tal está em concordância com algumas considerações sociológicas da modernidade tardia, ressalta o potencial para agência e mudança individual, social e cultural, e marca um distanciamento das noções convencionais de gramática e léxico que representava os indivíduos como reprodutores de sinais já existentes dentro de um sistema de escolhas relativamente estável e fixo”.
Editor: Jeff Bezemer // Other contributors: John Yandell.
Referências:
Kress, G. (2010). Multimodality. London: Routledge
Van Leeuwen, T. (2004). Introducing Social Semiotics: An Introductory Textbook. London: Routledge.
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 24/09/2012.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“A semiótica social é uma abordagem da comunicação que busca compreender como as pessoas se comunicam por uma variedade de meios, em contextos sociais específicos. Os modos de comunicação são o que são menos em decorrência de um grupo de regras e estruturas fixas e mais pelo que podem conquistar socialmente em instanciações cotidianas. Com essa ênfase, a pergunta chave é como as pessoas fazem os signos no contexto das relações de poder institucionais, a fim de atingir objetivos específicos. Isso é fundamentalmente importante, uma vez que sistemas semióticos podem moldar relações sociais e a própria sociedade. Um aspecto essencial da teoria da semiótica social é o princípio de que os modos de comunicação compartilham opiniões (ou ‘recursos semióticos’) historicamente precisas e divididas social e culturalmente para comunicação. O estudo da comunicação a partir dessa perspectiva objetiva identificar e inventorizar as opiniões semióticas disponíveis aos comunicantes e que os mesmos escolhem fazer. Essas opiniões deveriam ser vistas não como fixas, mas como possuindo um potencial de significado realizado no contexto e em comunicação com suas outras escolhas. Tais opiniões deveriam ser vistas não como fixas, mas como detentora de potencial de significado realizado num contexto e em combinação com outras escolhas. Nesse sentido, os significados associados a essa seleção são sempre um processo de fluxo contínuo, uma vez que eles são continuamente adaptados para encontros sociais. No contexto da multimodalidade, a implicação é que todos os modos deveriam ser estudados com uma visão das escolhas subjacentes disponíveis para os comunicadores, os potenciais de significados de todos os recursos e os propósitos para os quais são escolhidos. De uma perspectiva sociossemiótica, isso inclui o estudo de como os comunicadores criam textos (incluindo o papel da tecnologia) e como as pessoas interpretam textos. A semiótica social tem sido fortemente influenciada pelo trabalho de Michael Halliday. Em seu livro de 1978, Language as a Social Semiotic: The Social Interpretation os Language and Meaning, o autor distingue um número chave de premissas para sua teoria linguística, cujos aspectos fundamentais incluem uma perspectiva funcional, as metafunções, a compreensão de linguagem como um sistema de opções e potencial de significado. A semiótica social também tem sido influenciada pelo trabalho de Robert Hodge e Gunther Kress em seus textos seminais Language as Ideology (1979, 1993). Ao mesmo tempo em que foi pioneiro da análise crítica da linguagem e delineou muito do que viria a ser a análise crítica do discurso, esse volume também contribuiu para aspectos centrais da semiótica social, os quais posteriormente foram traduzidos para certas abordagens da multimodalidade. A mudança de ênfase da linguagem para outros sistemas semióticos foi encabeçada por Hodge e Kress em Social Semiotics (1998) e Kress e van Leeuwen em Reading Iamges: the Grammar of Visual Design (1996, 2006). Nesses volumes, os quais levaram ao surgimento da própria multimodalidade, os princípios desenvolvidos em relação à linguagem foram aplicados a diferentes modos comunicativos. Com foco no design visual, eles examinam textos em relação a uma rede de opções criada socialmente, a qual possui potencial de significado realizado no contexto de uso, que serve a interesses ideológicos e é moldado por relações de poder. Trabalhos subsequentes também aplicaram esses princípios a vários modos de comunicação localizada”
Editor: Diane Mavers //Other contributor: David Machin
Referências:
Halliday, M.A.K. (1978) Language as Social Semiotic: The Social Interpretation of Language and Meaning London: Edward Arnold
Hodge, R. and Kress, G. (1998). Social Semiotics. Cambridge: Polity Press
van Leeuwen, T. (2005). Introducing Social Semiotics. London: Routledge
Fonte:
MODO (2012). Glossário de termos multimodais,
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 25/09/2012.
“No começo de meu livro Introdução à Semiótica Social, na verdade, digo que não desejo explicitar particularmente o que semiótica social é, mas o que os semioticistas fazem. Existem três coisas diferentes. A primeira é o estudo dos recursos semióticos como os conhecemos. Os recursos semióticos podem ser de diferentes tipos, quaisquer coisas que as pessoas usem ou coisas perceptíveis utilizadas pelas pessoas para fazer sentido, gerar significado, para comunicar. E essa é uma questão de fazer um inventário do que existe, do que as pessoas fazem, do como as pessoas usam tais recursos, mas também sobre como os mesmos vieram a ser, uma questão de história. Então, penso ser muito importante olhar como os recursos semióticos surgiram e porque estão ali, porque não estão ali magicamente. A segunda parte é então olhar como as pessoas usam esses recursos semióticos em contextos específicos. Então, não é somente investigar como se dá o uso, mas os tipos de discursos que existem nesses contextos que dizem às pessoas como usar ou não usar esses recursos. Em alguns casos, existem discursos muito estritos, os quais restringem o que se pode fazer, em outros casos se tem um pouco mais de liberdade. Então, se precisa estudar também o que as pessoas de fato fazem, pois, na verdade, elas podem não seguir as regras. E a terceira coisa é que, terminados seus estudos, os semioticistas sociais podem fazer várias contribuições, afinal, quando se estuda o que existe, também se descobre o que não existe. E você se pergunta, por que isso não existe? Podemos experimentar com isso? Podemos, talvez, experimentar e ver o que é possível se fazer com isso? E se algo não for utilizado, um recurso semiótico não foi utilizado de uma determinada maneira, por que não o é? Por exemplo, em meus estudos sobre brinquedos, os quais são recursos semióticos, pois a partir deles criamos sentido, descobrimos que os brinquedos de hoje em dia, desses de se comprar em loja, não permitem às crianças explorar seus sentidos naturais. Então discutimos com os fabricantes para saber se tal não poderia ser feito. De modo similar, às vezes sou convidado a emitir um parecer sobre como estabelecer comunicação ou como fazer o design de revistas ou brinquedos, como os Lego. Então, um semioticista pode contribuir com coisas novas e interferir de outro modo, que é o da crítica. Existe uma relação muito grande, em minha opinião, entre semiótica social e analise crítica do discurso. Ao estudar como as coisas são usadas, descobrimos que muitos desses usos não são positivos para a sociedade. Logo, se pode perceber uma voz crítica e ousada que tenta se fazer ouvir.”
Fonte: Theo Van Leeuwen, entrevista cedida ao PG Letras, em 2008.
www.nigufpe.com.br
Sob uma perspectiva semiótica, signos são um meio pelo qual pessoas interprestam e expressam significado. O linguista suíço Ferdinand de Saussure (1966) propôs o signo como uma “entidade dupla” consistindo de significante (uma ‘imagem acústica’) e um significado (o conceito que ela representa).
Para Saussure, o cerne do signo diz repeito à relação entre o mundo e uma representação interna; isto é, o significante é um construto mental, uma generalização distante de uma classe de objetos no mundo. Signos são organizados em classes – posteriormente nomeadas ‘paradigmas’ pelo linguista/semioticista dinamarquês Hjelmslev (1953) – de objetos similares organizados como sistemas de escolhas.
Em oposição, Charles Sanders Peirce (1955) sugeriu um modelo triangular, abrangendo (a forma do) signo (ou ‘representamen’), um ‘objeto’ ao qual o signo se refere e um ‘interpretante’, isto é, o significado de relações entre o objeto e o signo/representamen para um interpretador. Isso projeta os processos de semiose como produção (incessante) de signos. Um aspecto diferenciador da semiótica social (intrinsecamente relacionado à noção de Peirce) é a perspectiva dos signos como renovados constantemente (e.g. Kress, 1997). Peirce se interessava em mostrar as diferentes relações do signo com o ‘objeto’. Em um ícone (signo icônico), a ‘verossimilhança’ de um signo e do objeto é projetada; em um signo índice, alguma relação real entre objeto e signo é colocada em foco; em um signo simbólico, o poder social de formar convenções determina que o signo deve ser interpretado de um certo modo. Signos fornecem um modo material de compreender como as pessoas trocam significados, independentemente dos meios pelos quais elas o fazem: linhas de um desenho, sons de uma fala ou movimentos de gesto, e assim por diante. Ao abranger todos os modelos de representação e comunicação, teorias do signo (ou semiótica) são coerentes com a metodologia multimodal.
Editor: Diane Mavers // Other contributor: Gunther Kress
Referências:
CHANDLER, D. (2002). Semiotics: The Basic. London: Routledge.
KRESS, G. (2010). Multimodality: A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication. London: Routledge.
VAN LEEUWEN, T. (2005). Introducing Social Semiotics. London: Routledge
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“Bazerman (1994b), ao expandir a noção devittiana de conjunto de gêneros, articula as relações estruturais entre gêneros dentro de uma situação, definindo um sistema de gêneros como: […] o conjunto completo de gêneros que instancia a participação de todas as partes…. Isso seria a interação plena, o evento completo, o conjunto de relações sociais como foram realizadas. Incorpora a história completa de eventos de fala como ocorrências intertextuais, mas atende à maneira como todo o intertexto é instanciado em forma de gênero, estabelecendo o ato corrente em relação a atos anteriores (pp. 98-99). Um sistema de gêneros é constituído de vários conjuntos de pessoas trabalhando juntas numa maneira organizada mais as relações padronizadas de produção, fluxo e uso desses documentos. Assim, um sistema de gêneros captura as sequências regulares de como um gênero segue outro nos fluxos comunicativos de um grupo de pessoas.O conjunto de gêneros escritos por um professor de uma disciplina particular, por exemplo, pode consistir de um programa, uma lista de tarefas escolares, anotações pessoais sobre as leituras, anotações para as aulas e planos de aula para outros tipos de aula, questões para provas, avisos por e-mail para os alunos, respostas a questões e comentários de alunos mandados por e-mail, comentários e anotações nos trabalhos estudantis e o boletim de notas do fim do período acadêmico. Os alunos na mesma disciplina teriam um conjunto de gêneros um pouco diferente: anotações do que foi dito na aula, anotações sobre as leituras, esclarecimentos escritos nos programas e listas de tarefas, questões e comentários para o professor ou colegas de classe mandados por e-mail, anotações sobre pesquisas, rascunho e cópias finais de trabalhos escolares, respostas às questões nas provas, cartas requerendo uma mudança de nota. Contudo, esses dois conjuntos de gênero são intimamente relacionados e fluem em sequências e padrões de circulação leitor-escritor previsíveis. Do professor é esperado que distribua o programa no primeiro dia de aula e as listas de tarefas durante o período letivo. Alunos seguem com perguntas sobre as expectativas na aula ou por e-mail, e escrevem esclarecimentos nas listas de tarefas. Dentro e fora da sala de aula, na fala e talvez por e-mail, o professor explica as tarefas e responde as perguntas dos alunos. A lista de tarefas por sua vez guia o trabalho do aluno na coleta de dados, na visita à biblioteca e no desenvolvimento das tarefas. O ritmo do trabalho do aluno aumenta ao passo que se aproxima a data de entrega da tarefa. Uma vez entregue a tarefa, o professor comenta os trabalhos e os avalia, registra as notas no boletim e devolve os trabalhos já comentados aos alunos. De modo semelhante, o professor prepara e depois dá as aulas e organiza atividades da sala de aula que sejam relevantes aos conceitos sobre os quais os alunos vão escrever; dos alunos espera-se que tomem notas sobre suas leituras e sobre o que o professor diz na sala de aula; eles, então, podem estudar essas anotações sobre as leituras e as aulas ao preparar para as provas. Além disso, os alunos frequentemente falam com outros alunos, amigos e/ou membros da família sobre suas ideias e seus textos. Em algum momento antes do fim do período letivo, o professor pode também rever suas aulas para poder escrever as questões para as provas. Os alunos fazem as provas e o professor as avalia. No fim do período letivo, o professor calcula por alguma fórmula a soma de todas as notas para produzir o conteúdo do boletim de notas que, por sua vez, é submetido à pessoa encarregada de registrar as notas num sistema institucional de gêneros.”
Fonte:
BAZERMAN, C. (2007). Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007, pp. 173-174.
A tipografia se refere ao design visual da linguagem através da seleção da fonte, tamanho, linha e espaçamento. Em uma perspectiva multimodal, a Tipografia representa um modo/código, em si mesma, a qual interage com outros modos. Hartmut Stockl (2005) delineia uma tentativa de gramática tipográfica como um conjunto estruturado de recursos associados que contam para geração de significado tipográfico e seus efeitos comunicativos. Como não há fala sem qualidade de voz e entonação, Stockl defende que não há documento escrito sem qualidades (tipo)gráficas. Ele lidera uma tendência semiótica e multimodal de reconhecer as funções cruciais da tipografia e do design textual e como o mesmo contribui para o significado textual de inúmeras maneiras – tendência adotada por Theo Van Leeuwen, Sue Walker, entre outros. O modelo de Stockl divide a gramática de tipografia em quatro partes de recursos tipográficos. Nessa gramática, Stockl vê o mais alto nível de sistema do signo tipográfico como composto de quatro domínios ou dimensões do trabalho tipográfico, as quais representam unidades tipográficas ou textuais de tamanhos diversos: (i) microtipografia refere-se às fontes e aos aspectos de letras individuais, tais como tamanho, face, fonte, cor; (ii) mesotipografia, preocupa-se com a configuração dos signos tipográficos em linhas e blocos textuais, como espaçamento, alinhamento, posição e direção; (iii) macrotipografia trata da estrutura gráfica de um documento como um todo, como os recuos, parágrafos, ênfases; (iv) para-tipografia volta-se para a mídia tipográfica, material de superfície e instrumentos para produzir signos tipográficos materiais, como a qualidade do papel. Em Typography and Language in Everyday Life (2001), Walker detalha aspectos linguísticos e gráficos da lingua e sugere que há muito a se ganhar com a colaboração entre tipógrafos e linguistas aplicados. Em Introducing Social Semiotics (2005) e seu artigo “Towards a semiotics of typography” (2006), Van Leeuwen delineia uma abordagem de semiótica social para analisar os potenciais de significados ideacionais, interpessoais e textuais de cartas, com ênfase nos aspectos de peso, expansão, declínio, curvatura, conectividade, orientação e regularidade.
Editor: Carey Jewitt // Other contributor: Hartmut Stockl
Referências:
STOCKL, H. (2005). Typography: body and dress of a text. Visual Communication, 4, 2
VAN LEEUWEN, T. (2006). Towards a semiotics of typography. Information Design Journal, 14, 2, 139-155
WALKER, S. (2001). Typography and Language in Everyday Life. Longman Pearson
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
http://multimodalityglossary.wordpress.com/
Acessado em 24/10/2013.
Tradução: Larissa Cavalcanti
“um termo originalmente criado por Gunther Kress (1997) em uma visão sociossemiótica da multimodalidade, se refere à construção de sentidos por diferentes modos. Por exemplo, a escrita pode ser refeita como desenho, ou fala como ação – o que se torna gradualmente mais complexo quando mais de um modo é envolvido. Considerando-se esse processo como referente a ações semióticas externamente visíveis em detrimento de atividades no cérebro, a noção de transdução foi de outro modo nomeada. Por exemplo, o ‘momento transmodal’ (Newfield, 2009) concentra a atenção nas múltiplas transformações ocorridas no processo de transdução – em materialidade, gênero textual, significado, subjetividade e aprendizado – bem como na revelação da situacionalidade da ação semiótica transmodal. ‘Design transmodal’ (Mavers, 2011) se refere a como forma e significado são refeitos em resposta à moldura do ambiente social. Uma mudança por diferentes modos requer a escolha de recursos semióticos frescos em uma tentativa de reter a consistência de significados. Certos recursos não são divididos modalmente (como prova a inexistência de palavras, ortografia, tamanho da fonte e pontuação em uma imagem). Quando alguém deliberadamente refaz algo em um modo diferente, decisões devem ser tomadas em função de como tal será atingido. Verbos podem ser reconfigurados como “vetores” nos desenhos, e preposições pelos arranjos espaciais. A mudança de um modo para outro tem implicações profundas para o significado, em decorrência das mudanças no que aquilo poderá significar. Dadas as variações materiais e diferenças na história do trabalho cultural e social, não poderá haver uma “tradução perfeita” de um modo para outro. Práticas semióticas, e, portanto, práticas modais são situadas em contextos específicos, assim, são historicamente, socioculturalmente e politicamente oscilantes. Significados e práticas culturais alternativos ou adicionais podem acompanhar o processo transdutivo. Para jovens alunos africanos, os processos de transdução em práticas semióticas familiares, mas não geralmente admitidas ou valorizadas na escola, abriram espaços inexistentes anteriormente (Newfield, 2009). É dever do pesquisador identificar as situações de transdução e questionar o que é mantido, o que é ganho e o que é permitido nessa cadeia de semioses.”
Editor: Diane Mavers // Other contributor: Denise Newfield
Referência:
Mavers, D. (2011). Children’s Drawing and Writing: The Remarkable in the Unremarkable. New York: Routledge
NEWFIELD, D. (forthcoming). “Transduction, transformation and the transmodal moment”. In Jewitt, C. (ed.) The Routledge Handbook of Multimodal Analysis. London: Routledge
STEIN, P. (2008). Multimodal Pedagogies in Diverse Classrooms: Representation, Rights and Resources. London: Routledge
Fonte:
MODE (2012). Glossary of multimodal terms.
www.multimodalglossary.wordpress.com
Acessado em 24/09/2012.
Tradução: Larissa Cavalcanti